sábado, dezembro 03, 2011


Catarina de Médici


A historia tem mostrado mulheres fantásticas através dos tempos. Catarina de Medici era uma delas.

Rainha consorte francesa de origem italiana. Sucedeu ao pai, Lourenço II de Médici governante de Florença de 1503 a 1515, Duque de UrbinoO Jovem em 1516. Casara em Amboise em 2 de maio de 1518 com Madalena de la Tour-d´Auvergne (1495-1519) Condessa de Auvergne, de Clermont, Baronesa de La Tour d’Auvergne e de La Chaize; filha de João III de La Tour, Conde de Auvergne, e Joana de Bourbon; assim Catarina, pela mãe, era parente da família real francesa. Restaurados os Medici [1512], Lourenço foi escolhido governante de Florença. Em 1519, findou com ele a descendência masculina legitima de Cosme, “O Velho. Os Medicis foram de novo expulsos de Florença, quando a República foi de novo estabelecida em 1527. Deixou esta filha, Catarina, e um filho bastardo. Este filho bastardo, tido por seu pai com uma amante moura, Simonetta (irmão portanto de Catarina de Médici) se chamava Alexandre de Médicis e morreria assassinado em 1537 (muito comum na época: matar desafetos). Duque de Urbino (1519-1532) e primeiro Duque de Florença (1530-1537). casou em Nápoles em 29 de fevereiro de 1536 com uma filha bastarda de Carlos V, Margarida de Habsburg ou Austria VII (1522-18.1.1586). Não podemos esquecer que os Medici foram banidos de Florença, e a República restabelecida, em 1527. Mas em 1530, depois do sítio célebre, a cidade teve que se render a forças imperiais e Carlos V fez com que Alexandre, o bastardo de Lourenço, se tornasse chefe hereditário do governo florentino. Aboliram-se as formas republicanas, e Alexandre governou até ser assassinado por um parente, Lorenzo di Pierfrancesco de Médici ou Lourenço de Pedrofrancisco de Médici, o qual fugiu para Veneza de onde nem tentou se tornar sucessor nem quis restaurar a república. A única tia de Catarina foi Clarissa (1493-1528) casada em 1508 com Filipe II Strozzi (1488-1538) chamado “O Jovem” (dizem que gostava de ‘hábitos não naturais ao homem’), que entrou em conflito com os Médicis na revolução de 1527. Aliado ao Duque Alexandre, marchou contra Florença quando este morreu. Retomou a luta depois da eleição do Duque Cosme I, em 1537; vencido e preso em Montemurlo, matou-se na prisão (ao que tudo indica, matou-se para fugir das torturas, pois que na época, a tortura era institucional). Órfã do pai com meses de idade, tinha treze anos quando Francisco I da França ansioso por contrariar projetos de Carlos V, conseguiu sua mão para seu quarto filho, Henrique. A morte do papa logo aborreceu o rei francês, e ela ficou mais ou menos relegada em sua corte, primeiro por ter trazido um pequeno dote (de 100 mil escudos) e poucos apanágios, depois porque passou dez anos sem ter filhos... Mas Diana de Poitiers, amante de seu marido, a encarava com olhos gentis e lhe dava mesmo conselhos, e o mesmo fazia seu sogro, o rei - e sua amante a Duquesa de Etampes. Vale ressaltar que, alguns estudiosos dizem que as referidas senhoras eram estudiosas da necromancia, astrologia, arte das ervas, taromancia e etc, e influenciou muito Catarina, que tante fascina em função de poder feminino crescente.
Diana de Poitiers

Casamento - A 28 de Outubro de 1533 casou em Marselha, na presença do papa, com o Delfim Henrique, futuro Henrique, Duque de Orleans, o segundo filho do rei Francisco I da França, num casamento organizado por seu tio-avô, o Papa Clemente VII. Com a morte do seu irmão mais velho, Henrique tornou-se Delfim da França e mais tarde rei. Durante os primeiros anos de casamento, Catarina teve pouca ou nenhuma influência uma vez que Henrique II vivia controlado pela amante Diana de Poitiers (cortesã profissional, mestra na política, profunda conhecedora das artes místicas e conhecimento em farmacologia natural). Será Rainha de França quando ascendeu ao trono seu marido em 31 de março de 1547, até enviuvar em 1559. Será de novo rainha em 1574-89, Regente da França em 1552 (na curta campanha de Henrique II na Lorena) e de 1560 a setembro de 1574. Após a morte do marido, Catarina tornou-se regente dos filhos, primeiro Francisco II e depois Carlos IX. Uma das personagens mais influentes das guerras de religião francesas, acusam-na de ter sido responsável (ou pelo menos omissa) pelo Massacre da noite de São Bartolomeu.

Massacre da Noite de São Bartolomeu
Regências – Gostava de permanecer na sombra. No reinado de seu filho Francisco II de França, casado com Maria Stuart, deixou governarem os Guise, tios de Maria. A época era confusa, de guerras e conspirações entre católicos e protestantes. Catarina teria prometido aos chefes protestantes, o Príncipe de Condé e o Almirante de Cligny, liberdade para seus correligionários. Deve-se a Catarina a indicação de Michel de l'Hôpital como chanceler, homem cuja esposa e filhos eram calvinistas, que convocou uma assembléia de notáveis em Fontainebleau (agosto de 1560) em que se decidiu que o castigo dos heréticos deveria ser suspenso e que os Estados Gerais deveriam se reunir em Orleans, em dezembro. Francisco II morreu em 5 de dezembro de 1560. Catarina prosseguiu em sua mesma política, oscilando entre católicos e protestantes de maneira a estabelecer o domínio de sua dinastia (na verdade, Catarina era mestra da política, seguidora inconsciente de Maquiavel). Manobrava sempre entre a Rainha inglesa protestante, Elizabeth I, e o rei espanhol, seu genro, Filipe II. Com isso obteve certa independência e governo autônomo. Mostrou como regente do filho, Carlos IX, grandes qualidades políticas. Inteligente, ativa, tinha a necessária duplicidade e bastante ausência de escrúpulos quanto à escolha dos meios. Como Carlos IX tinha apenas 10 anos ao herdar o trono, Catarina governou praticamente sozinha. Nomeou Antônio de Bourbon, rei da Navarra e protestante, como Tenente General do reino, aumentou o poder de l'Hôpital, evitou o aumento da influência dos Guise ao objetar ao casamento de sua nora viúva Maria Stuart com don Carlos, herdeiro espanhol. Convocou a Conferência de Poissy, que visava conseguir concordância teológica entre católicos e huguenotes. Escreveria a Roma: “É impossivel reduzir pelas armas ou pelas leis os que estão separados pela Igreja Romana, tão grande é seu número...”. Nisso jamais deu razão a seu genro Filipe II, que lhe pedia mais dureza contra os huguenotes, e no “Edito de janeiro de 1562” lhes assegurou mesmo tolerância. Os interesses políticos que haviam causado o afastamento das facções religiosas não mudavam: a arrogância dos huguenotes exasperava os católicos, e o massacre de Vassy em março de 1562 inaugurou a primeira verdadeira guerra religiosa, na qual saíram vitorosos os Guise, derrota para a Regente. Catarina teria então chegado a pensar em se alinhar aos Condé, chefes protestantes, contra os Guise. Escreveu mesmo quatro cartas, que os huguenotes disseram mais tarde conter ordes a Condé para tomar armas e ela declarou que seu conteúdo fora alterado... Os acontecimentos se precipitaram, e ela sofreu a humilhação de ver Guise trazer Carlos IX para Paris. A partir de então flutuou entre as duas forças, negociou e vigiou intrigas de outros, ou da Espanha, que tentava interferir em benefício do partido católico, ou da Inglaterra, que se aliaria aos huguenotes, do Imperador, que se aproveitou da anarquia na França para reclamar os três bispados conquistados há pouco por Henrique II. O assassinato de Guise pelo huguenote Poltrot de Mere (18 de fevereiro de 1563) apressou a paz. O tratado de Amboise concedeu em 12 de março de 1563 certas liberdades aos protestantes. Catarina, para mostrar à Europa que já não mais havia discórdias entre católicos e protestantes, enviou soldados das duas religiões à conquista do Havre em 28 de julho de 1563, pois o Almirante de Coligny tinha entregado o porto aos ingleses. Foram os anos mais felizes de sua regência. Carlos IX, maior de idade em 27 de junho, declarava que a mãe deveria continuar a governar. O tratado de 11 de abril de 1564 assegurou Calais para a França. Catarina e o jovem rei fizeram um giro pelas províncias francesas (onde, segundo alguns pesquisadores, estudou e entrou em contato com mestres esotéricos conhecidos na época, inclusive com a descoberta de Nostradamus, que no futuro descreveria as tragédias com seus filhos).
Voltou a ocorrer alguma perturbação por causa da entrevista em Bayonne entre ela e o Duque de Alba em junho de 1565. Os protestantes espalharam rumor de que ela conspirava com o rei da Espanha, e chegaram a convocar suas forças. Catarina, na verdade, cada vez temia mais Coligny. Temia que Carlos IX, influenciado por alguns huguenotes, se alinhasse ao Príncipe de Orange e declarasse guerra à Espanha. Por isso teria dado a ordem (apesar da discordância entre estudiosos se deu ou não a ordem) para o assassinato de Coligny - para recuperar controle sobre o filho rei. Por isso envolvem seu nome na lista de responsáveis pelo Massacre de São Bartolomeu, tão ligado ao assassinato do almirante. Carlos IX morreu em 30 de maio de 1574 e sua influência decresceu no reinado de seu outro filho, o Duque de Anjou, que ela fizera rei da Polônia e que subiu ao trono francês como Henrique III. Catarina gostava bastante desse filho, mas tinha sobre ele pouca influência (o moleque era ‘brigão’, independente, adepto de mulheres regadas a muito alcool e pouco chegado à sutilezas). As concessões feitas aos protestantes no Tratado que ficou conhecido como ‘Paz de Monsieur em 5 de maio de 1576 provocaram a formação da Santa Liga para defender os interesses católicos. Durante 12 anos, aumentara na França o poder dos Guise, em guerra constante contra os huguenotes. E Catarina era por eles considerada uma inimiga. Rodeado por seus favoritos, Henrique III assistiu ao fim da dinastia. Francisco de Valois, o filho caçula, morreu em 10 de junho de 1584. Não havia herdeiros a não ser um protestante, Henrique de Bourbon, rei da Navarra (futuro Henrique IV de França). A velha rainha sem mais muito ânimo mas ainda ambiciosa e o rei sem descendência asssitiam às disputas entre Guises e Bourbons. No final de 1587 o senhor verdadeiro de Paris já não era Henrique III, mas sim o Duque de Guise. No Dia das Barricadas, 12 de maio de 1588, Catarina salvou a honra do filho, indo em pessoa, de queixo erguido, negociar com Guise, que a recebeu com pose de conquistador . Mas conseguiu dele que permitisse a Henrique III fugir secretamente de Paris. Houve reconciliação esboçada com Guise por meio do ‘Edito da União em julho de 1588. A rainha, intrigante como sempre, arquitetando planos sem cessar, estava no castelo de Blois com o filho Henrique III para a reunião dos Estados Gerais quando soube em 22 de dezembro de 1588 que o filho tinha-se livrado de Guise por assassinato. Sua surpresa foi genuína e trágica e ela teria dito: “Agora, meu filho, o que você cortou, é preciso recosturar”. Morreu depois de 13 dias deixando o filho em situação crítica. Mal sabia que em 1º de agosto de 1589, a adaga de Jacques Clement cortaria a vida de Henrique III.

Tumulo de Catarina de Médicis e de Henrique II
Catarina nos deixou uma fama de ditatorial, pouco ou nada escrupulosa, calculadora, ardilosa (ou seja, ‘maquiavélica’ no termo mais exato para descreve-la). Só via porém os interesses de sua família e seus métodos nisso era absolutamente egoístas. Talvez cínicos, como melhor termo. Apenas porque os interesses da França e os da realeza coincidiam é que se pode dizer que ao trabalhar por seus filhos, Catarina trabalhava pelos interesses políticos da França e por trinta anos evitou interferências externas. Fazia-se rodear de envenenadores e perfumistas (arte difundida em Itália numa época em que italiano era sinónimo de envenenador) e foi acusada de assassinar desta forma vários dos seus inimigos, tais como Margarida de Navarra, que havia de ser sogra da sua filha Margot, e até mesmo os seus próprios filhos. A seu favor, diga-se que enriqueceu a Bibliotheque Royale, fez Philibert Delorme construir o palácio das Tulherias ou Tuileries, em Paris, e Pierre Lescot construir o Hotel de Soissons. Foi uma mulher do Renascimento, discípula de Maquiavel ou Machiavelli e é às vezes descrita como ‘uma mãe coroada’. Tinha um conhecimento esotérico bem desenvolvida, vivendo cercada por sábios de todos os tipos de filosofias esotéricas e naturais,

Enfim, mais um exemplo de mulher que fica na história da humanidade. Catarina de Medici, mestra em politica e em artes místicas. Um dos exemplos vivos do Renascimento feminino, de onde criou lendas como Leonora D’Aquitânia, Catrina de Medice , Lucrécia Bórgia e tantas outras.

Loas à elas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário