quinta-feira, agosto 11, 2011


Psignosis



Inferno
Termo usado por diferentes religiões, mitologias e filosofias, representando a morada dos mortos, um lugar de grande sofrimento ou de condenação. A origem do termo é latina: “infernum”, que significa "as profundezas" ou o "mundo inferior".

Mitologia Grega - Na mitologia grega, as profundezas correspondiam ao reino de Hades, para onde iam os mortos. Daí ser comum encontrar-se a referência de que Hades era o Deus dos Infernos. O uso do plural “infernus” indica mais o caráter de submundo e mundo das profundezas do que o caráter de lugar de condenação, em geral dado pelo singular, inferno.

Distinguindo o Lugar dos Mortos - o Hades - a mitologia grega também concebeu um lugar de condenação ou de prisão, o Tártaro. O “Grolier Universal Encyclopedia” (“Enciclopédia Universal Grolier”, 1971, Vol. 9, p. 205), sob “Inferno”, diz:

Os hindus e os budistas consideram o inferno como lugar de purificação espiritual e de restauração final. A tradição islâmica o considera como um lugar de castigo eterno”. O conceito de sofrimento após a morte é encontrado entre os ensinos religiosos pagãos dos povos antigos da Babilônia e do Egito. As crenças dos babilônios e dos assírios retratavam o “mundo inferior . . . como lugar cheio de horrores, . . . presidido por deuses e demônios de grande força e ferocidade”. Embora os antigos textos religiosos egípcios não ensinem que a queima de qualquer vítima individual prosseguiria eternamente, eles deveras retratam o “Outro Mundo” como tendo “covas de fogo” para “os condenados”.

The Religion of Babylonia and Assyria” (“A Religião de Babilônia e Assíria”), de Morris Jastrow Jr., 1898, p. 581;
The Book of the Dead” (“O Livro dos Mortos”), com apresentação de E. Wallis Budge, 1960, pp. 135, 144, 149, 151, 153, 161, 200.

Judaísmo - No judaísmo, o termo Gehinom (ou Gehena) designa a situação de purificação necessária à alma para que possa entrar no Paraíso - denominado por Gan Eden. Nesse sentido, o inferno na religião e mitologia judaica não é eterno, mas uma condição finita, após a qual a alma está purificada. Outro termo designativo do mundo dos mortos é Sheol, que apresenta essa característica de desolação, silêncio e purificação. A palavra vem de Ceeol, que mais tarde dá origem ao termo sheol, não confundindo com "Geena" que era o nome dado a uma ravina profunda ao sul de Jerusalém, onde sacrifícios humanos eram realizados na época de doutrinas anteriores. Mais tarde, tornou-se uma espécie de lixão da cidade de Jerusalém, frequentemente em chamas devido ao material orgânico. O uso do termo Sheol indica lugar de inconsciência e inexistência, conforme o contexto de “Gênesis 37:35 nos mostra e não um lugar de punição.

Cristianismo - No Cristianismo existem diversas concepções a respeito do inferno, correspondentes às diferentes correntes cristãs. A idéia de que o inferno é um lugar de condenação eterna, tal como se apresenta hoje para diversas correntes cristãs, nem sempre foi e ainda não é consenso entre os cristãos. Nos primeiros séculos do cristianismo, houve quem defendesse que a permanência da alma no inferno era temporária, uma vez que inferno significa "sepultura", de onde, segundo os Evangelhos, a pessoa pode sair quando da ressurreição. Essa idéia é defendida hoje por várias correntes cristãs.

Catolicismo - Para a corrente católica, conduzida pela Igreja Católica Apostólica Romana, o inferno é eterno e corresponde a um dos chamados novíssimos: a morte, o juízo final, o inferno e o paraíso.

Protestantismo - Para muitas das denominações protestantes, o inferno não é simplesmente um lugar destituído da presença de Deus; é antes um lugar de tormento e sofrimento. A interpretação bíblica protestante afirma que, após a morte, o espírito, uma vez no inferno, não poderá mais sair, assim como em relação ao paraíso (o céu), não existindo forma de cruzar a fronteira que separa estes dois locais. Há ainda outra visão dentro do cristianismo não-católico, que coloca a morte como um sono, um estado sem consciência (cf. Ec 9:5; Jó 14:21; Jo 11:11-14, etc), de forma que, conseqüentemente, os ímpios mortos não estão no inferno nem os salvos mortos no céu, mas aguardando a segunda vinda de Cristo, quando então os salvos entrarão para o céu, que é eterno, e os impios entrarão no lago de fogo (cf. Ap 20:15), que durará até que eles sejam consumidos (cf. Ml 4:3). Segundo esta interpretação, o inferno é um lugar preparado para a punição de Satanás, seus anjos e seus seguidores (cf. Mt 25:41), ao contrário da visão comum que coloca Satanás como dominante do inferno.

Islamismo - No Islã, o inferno é eterno, consistindo em sete portões pelos quais entram as várias categorias de condenados, sejam eles muçulmanos injustos ou não-muçulmanos.

Budismo - De certo modo, todo o samsara é um lugar de sofrimento para o budismo, visto que em qualquer reino do samsara existe sofrimento. Entretanto, em alguns reinos, o sofrimento é maior correspondendo à noção de inferno como lugar ou situação de maior sofrimento e menor oportunidade de alcançar a liberação do samsara. Por esse motivo, muitas vezes expressam-se esses mundos de sofrimento maior como infernos. Nenhum renascimento em um inferno é eterno, embora o tempo da mente nessas situações possa ser contado em eras. Contam-se dezoito formas de infernos, sendo oito quentes, oito frios e mais dois infernos que são, na verdade, duas subcategorias de infernos: os da vizinhança dos infernos quentes e o infernos efêmeros. Além desses dezoito que constituem o "Reino dos Infernos", pelo sofrimento, o "Reino dos Fantasmas Famintos" é comparável à noção de inferno, sendo constituído de estados de consciência de forte privação - como fome ou sede - sem que haja possibilidade de saciar essa privação. No budismo, o renascimento em um inferno é uma conseqüência das virtudes e não-virtudes praticadas, de acordo com a verdade relativa do karma. Entretanto, alguns poucos atos podem, por si, conduzir a um renascimento nos infernos, principalmente o ato de matar um Buda e o ato de matar o próprio pai ou a própria mãe. A meditação sobre os infernos deve gerar compaixão.

Inferno Como Arquétipo Contemporâneo - A fusão entre paixão, desejo, pecado e condenação envolvida na imagem do Inferno permitiram ao imaginário contemporâneo imaginar antes lugar de prazer e de servidão ao prazer do que propriamente de sofrimento ou purificação. O fenômeno é bem observado na cultura cristã que, no seguimento dos esforços aplicados às idéias de purificação do monoteísmo, condenou as divindades mais materiais da fertilidade, das paixões e da energia sexual, o que literalmente as transformou em demônios. Assim, os arquétipos da paixão e do prazer ficaram associados ao do inferno, com a conseqüente mudança de sentido e de atração sobre a imaginação. Outras correntes de pensamento atuais, curiosamente também com base na cultura católica-cristã, demonstram a sua opinião de inferno não como um local físico, mas antes como um estado de espírito, indo ao encontro da ideia preconizada por diversas correntes filosófico-religiosas partidárias da reencarnação.

Mudanças No Sentido da Palavra Inferno - A respeito do uso de “inferno” para traduzir as palavras originais do hebraico Sheol e do grego Hades (“Bíblia”), “Vine’s Expository Dictionary of Old and New Testament Words (“Dicionário Expositivo de Palavras do Velho e do Novo Testamento”, de Vine, 1981, Vol. 2, p. 187) diz:Hades (“Bíblia”) . . . corresponde a Sheol’ no Antigo Testamento (A.T.). Na Versão Autorizada do Antigo Testamento e do Novo Testamento, foi vertido de modo infeliz por ‘Inferno’.” “A Collier’s Encyclopedia (“Enciclopédia da Collier, 1986, Vol. 12, p. 28) diz a respeito deInferno”:

Primeiro representa o hebraico Seol do Antigo Testamento, e o grego Hades (“Bíblia”), da Septuaginta e do Novo Testamento. Visto que Seol, nos tempos do Antigo Testamento, se referia simplesmente à habitação dos mortos e não sugeria distinções morais, a palavra ‘Inferno’, conforme entendida atualmente, não é uma tradução feliz”.

É, de fato, devido ao modo como a palavra “inferno”(do latin Infernus) é entendida atualmente que ela constitui uma maneira tão ‘infeliz’ de verter estas palavras bíblicas originais. O Webster’s Third New International Dictionary (“Terceiro Novo Dicionário Internacional de Webster), exaustivo, diz sobInferno”:

“‘de . . . helan, esconder’. A palavra “inferno” não transmitia assim, originalmente, nenhuma idéia de calor ou de tormento, mas simplesmente de um ‘lugar coberto ou oculto’”.

O significado atribuído à palavra “inferno” atualmente é o representado na “Divina Comédia” de Dante, e no “Paraíso Perdido” de Milton, significado este completamente alheio à definição original da palavra. A idéia dum “inferno” de tormento ardente, porém, remonta a uma época muito anterior a Dante ou a Milton. “ “The Encyclopedia Americana (“Enciclopédia Americana”, 1956, Vol. XIV, p. 81) disse:

 “Muita confusão e muitos mal-entendidos foram causados pelo fato de os primitivos tradutores da ‘Bíblia’ terem traduzido persistentemente o hebraico Seol e o grego Hades (‘Bíblia’) e Geena pela palavra inferno. A simples transliteração destas palavras por parte dos tradutores das edições revistas da ‘Bíblia’ não bastou para eliminar apreciavelmente esta confusão e equívoco”.

Um comentário:

  1. Ss Aa
    Parabéns pelo blog.
    Quanto a este interessantíssimo post, ouso acrescentar que espíritas/espiritualistas não creem em inferno.

    Meus melhores cumprimentos.

    Mauro Balbino

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